1. Por que o filme demorou tanto para ser lançado?

“Pra tudo tem seu tempo”, o Beto responde aos amigos do clubinho Meninos de Kichute – parece um preludio, mas já está no filme desde o roteiro. Tem coisas que a gente não consegue explicar. Quando o filme ficou pronto, eu estava entusiasmado para lançar, preparei uma equipe de lançamento, desenvolvi o site, fui atrás de recursos, mas não aconteceu. Algumas pessoas me consolaram: “Meninos é o filme da Copa”, eu teimava que não, tinha que ir para os cinemas. Hoje vejo que eles estavam certos porque percebo que a gira da Copa no Brasil favorece o lançamento, porque o tema retrata o sonho de todo garoto brasileiro, que é ser jogador de futebol. 

2. A história tem um pouco de autobiografia?

Acho que é uma autobiografia generalizada. O Márcio Américo escreveu um livro que lembra aqueles clássicos da literatura, que o tema retrata uma geração e seus costumes que marcaram uma época. Meninos de Kichute fala da infância de milhões de brasileiros oriundos da “geração kichute”, que iniciou em 1970, ano do tri, quando o kichute foi lançado, e se estendeu até os anos 90, que perdurou por quase 3 décadas. O titulo me atraiu de imediato, e quando li o livro, a cada capitulo me identificava cada vez mais com a minha infância em Lages, porque os sonhos dos meninos de Londrina, eram os mesmos: queríamos ser jogador de futebol. A nossa rotina de escola, de campinho e com a família era muito similar, então percebi que o tema do sonho da geração kichute era muito brasileiro. Convidei o Marcio para escrever o roteiro comigo e decidimos que o filme iria retratar a historia de um menino da periferia do Brasil, na década de 70.

3. Como foi dirigir atores consagrados como Arlete Salles, Werner Schünemann, Viviane Pasmanter e Pereio?

Eu adoro trabalhar com atores consagrados porque eles captam rapidamente a essência de seus personagens. As cenas fluem e absorvem com naturalidade o elenco jovem. Fui muito feliz também com o elenco adulto coadjuvante interpretado por atores consagrados do teatro paulistano. Durante as filmagens houve muita parceria e generosidade do meu elenco, sou eternamente grato pelo talento de cada um deles fazer parte do filme.

4. Como foi dirigir tantas crianças?

Eu achei relativamente fácil dirigir as crianças porque o trabalho maior foi dos preparadores do elenco juvenil. No inicio, nossa equipe de produção de elenco reuniu e gravou testes com mais de 700 crianças de toda a grande São Paulo. Selecionamos 40 finalistas e promovemos um workshop de um mês, ministrado pela preparadora de atores, Lucia Segall que teve apoio do Márcio Américo. Eu já havia trabalhado com a Lucia no Caminho dos Sonhos e gostei do trabalho que ela desenvolveu com o elenco de adolescentes na época, incluindo Caio Blat, Mariana Ximenes, Edward Boggiss e a maior Taís Araújo. A Lucia tem uma pratica fenomenal de preparar jovens atores através da memoria sensorial que ela aprendeu na escola de Lee Strasberg que foi inspirada no método de Stanislavski. Talvez por sermos apreciadores deste método, a sincronia do nosso trabalho com crianças e adolescentes se reflete na direção.

5. Como foi receber a notícia que Meninos de Kichute fora eleito pelo publico "o melhor filme brasileiro na 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo"?

Foi um êxtase. É a mesma sensação de quando tu faz uma oferenda em reverencia ao transcendente e ele te premia perante o oráculo. O público é o fim que justificam os meios na realização da obra, sensacional!

6. Você está preparando algum filme no momento?

No momento estou captando patrocínio através das Leis de Incentivo (Recursos subsidiados através do Imposto de Renda & icms), para a produção do longa PERDIDA, livremente inspirado no livro homônimo de Carina Rissi, publicado pela Record e um sucesso de vendas. A sequencia 2 do romance intitulada “ENCONTRADA” foi lançada na Bienal do Livro em São Paulo/2014, onde a autora autografou mais de 800 copias de sua obra. PERDIDA, conta a história de Sofia, uma jovem mulher que através do seu celular viaja inesperadamente no tempo, indo parar na inusitada São Paulo do século XIX. Em meio a muitas situações inesperadas, Sofia se apaixona pelo Jovem Ian Clarke, um típico rapaz de sua época que se revela um verdadeiro gentleman. Mas como nada é perfeito, Sofia, contrariada pelo destino volta ao presente e descobre que ela na verdade pertence ao mundo de Ian, e a partir daí busca, desesperadamente retornar para os braços do seu amado.